Vitral Clássico
Uma Janela para a Simbologia Familiar
Este trabalho académico descreve o processo de criação de um vitral clássico, onde se explora a reutilização de materiais e a representação simbólica de um elemento familiar: o corvo. A concepção do design foi fruto de um estudo exaustivo sobre esta figura emblemática, cuja presença é profundamente enraizada na história da minha família. Em busca de simplicidade e abstração, optei por criar um vitral que, apesar de minimalista, mantivesse a essência da forma do corvo e de elementos da natureza.
O processo de fabricação iniciou-se pela reutilização de vidro de garrafas, as quais foram submetidas a corte e posteriormente a tratamento em forno para obter as formas desejadas. Esta abordagem eco-responsável permitiu a obtenção de uma variedade de tons, como verde, castanho, amarelo, azul e transparente.
Inicialmente, considerei a pintura de detalhes que não poderiam ser obtidos com o vidro cortado, mas a simplicidade e a subtileza abstrata do trabalho conduziram-me a manter a pureza das formas. A figura do corvo, inicialmente prevista para ser em vidro preto, evoluiu para uma abertura no vitral, quebrando a concepção tradicional de que um vitral deve ser inteiramente preenchido por vidro.
Após a preparação de todos os fragmentos de vidro, iniciei a montagem do vitral, fazendo ajustes necessários para encaixe preciso. As calhas de chumbo foram instaladas e soldadas, formando a estrutura clássica do vitral, posteriormente limpas e lustradas para um acabamento de qualidade.
Assim, o resultado é um vitral que, de maneira subtil e elegante, resgata e homenageia a simbologia dos meus antepassados, enquanto propõe uma reflexão sobre a reutilização de materiais e a contemporaneidade do design.
Experiências:
Em Movimento
Exploração do Vidro na Representação de Dinamismo
Este estudo exploratório centra-se na intrigante possibilidade de representar movimento através do vidro, material tradicionalmente associado a objectos estáticos e simples. Através da experimentação e da fusão de várias técnicas e processos, busca-se desafiar a perceção convencional e transformar a estaticidade inerente ao vidro numa dança de formas, cores e reflexos.
O primeiro passo neste processo foi a realização de experimentações com lã de cerâmica e várias bases, criando formas que serviriam de molde para a fusão do vidro. A escolha do vidro reutilizado de garrafas, vidro transparente de diversas espessuras e vidro espelhado ofereceu uma rica diversidade de texturas e possibilidades. A cor foi incorporada através da utilização de fritas de vidro de grau 3 e 0 e fios de vidro de várias cores, cujos efeitos foram explorados e analisados.
O processo de fusão e slumping, realizado em temperaturas entre 680ºC e 780ºC, permitiu criar obras únicas e estimulantes. Uma experiência particularmente intrigante foi a fusão de berlindes de vidro, que resultou em formas e efeitos inesperados.
A escala das experimentações variou, desde pequenas formas até uma peça maior que incorporou os elementos mais intrigantes de cada experiência. No entanto, a decisão final foi a de apresentar não apenas a peça maior, mas também o conjunto das experiências. Esta apresentação conjunta não apenas confere movimento a cada peça individual, mas também cria uma interação dinâmica entre as peças, sugerindo uma espécie de percurso ou caminhada.
Assim, este trabalho representa uma busca por novas possibilidades expressivas através do vidro, propondo uma reinterpretação do material que transmite sensações de movimento e dinamismo. Em última análise, esta investigação pretende expandir os limites da nossa perceção do vidro, propondo novas formas de ver e experienciar este material fascinante.